sábado, 19 de fevereiro de 2011

O "direito" dos gays é uma injustiça com as crianças

Estão nos pedindo que façamos vista grossa a tudo que sabemos sobre a fragilidade das parcerias homossexuais, sobre as necessidades psicológicas das crianças e sobre as regras que ainda prevalecem em nossas escolas e comunidades, em função de uma fantasia ideológica.

As sociedades ocidentais passaram, em décadas recentes, por uma mudança radical em sua postura a respeito da homossexualidade. O que já foi considerado um vício intolerável agora é considerado uma "orientação", que não difere em espécie (embora diferente em direção) das inclinações que levam os homens a se unirem com as mulheres e as crianças a nascerem.

Esta mudança radical começou com a descriminalização da conduta homossexual e com uma crescente prontidão não só em tolerar a homossexualidade em privado, mas a falar sobre ela em público.

Nós vimos o surgimento do "homossexual público", o propagandista espalhafatoso daquele "outro" modo de vida e que, como Quentin Crisp , tentava nos persuadir de que "gay" [alegre] era a descrição certa.

A partir daí seguiram-se o movimento por "orgulho gay" e as personalidades públicas que "saíam do armário" - ao ponto que não é mais tão interessante assim saber se alguém é de outra opinião.

A maioria das pessoas neste país adaptaram-se às mudanças. Elas podem não se sentir bem com suas expressões mais explícitas, mas estão preparadas para tolerar o modo de vida homossexual, desde que mantido dentro dos limites da decência e não viole as regras fundamentais. Entretanto, esta atitude não satisfaz aos ativistas.

Pois tolerar é desaprovar. Só quando uma conduta ofende a alguém é que a pessoa precisa exercitar sua tolerância e os ativistas querem que as pessoas tratem a homossexualidade como normal. Por meio das idéias escorregadias de discriminação e direitos humanos, eles usaram a lei para promover sua agenda.

A homossexualidade agora é tratada pela lei como uma tendência comparável em quase todos os aspectos à heterossexualidade, de modo que qualquer tentativa de diferenciar as pessoas por motivo de sua "orientação" - seja como candidatos a um emprego ou como beneficiários de direitos - é considerada uma "discriminação" injusta, comparável em sua abominação moral à discriminação por motivo de raça ou sexo.

De forma geral, viemos a aceitar que leis contra discriminação podem ser necessárias, a fim de proteger os que sofreram no passado com preconceitos hostis.

No entanto, volta e meia nós nos damos conta do fato de que, embora a homossexualidade tenha sido normalizada, ela não é normal. Nossa aceitação do estilo de vida homossexual, de casais de mesmo sexo e do cenário gay não eliminaram nossa sensação de que estas são alternativas a alguma coisa e que é a outra coisa que é normal.

Esta outra coisa não é o desejo heterossexual, concebido como uma "orientação". É a união heterossexual: a junção de um homem e uma mulher em um ato que leva, no curso natural das coisas, não só a um compromisso mútuo, mas ao nascimento de crianças, à criação de uma família e aos hábitos de auto-sacrifício dos quais, independente do que se pense e diga, o futuro da sociedade depende.

A propaganda que tenta reescrever a heterossexualidade como uma "orientação" na verdade é uma tentativa de nos persuadir a fazermos vista grossa à real verdade sobre a união sexual, e que, em sua forma normal, ela é o modo pela qual uma geração dá lugar à próxima.

Esta verdade é reconhecida por todas as grandes religiões e é endossada pela perspectiva cristã a respeito do casamento como uma união criada por Deus. Isto explica em grande parte a relutância de todas as pessoas religiosas em endossarem o casamento gay, que elas vêem como uma tentativa de reescrever em termos meramente humanos o contrato eterno com a sociedade.

Para colocar a coisa de outro modo, elas vêem o casamento gay como a profanação de um sacramento. Daí o conflito crescente entre a agenda gay e a religião tradicional, do qual a atual disputa a respeito de "direitos de adoção" é o último sinal.

De acordo com a visão cristã - e ela é compartilhada, eu acredito, por muçulmanos e judeus - a adoção significa receber uma criança como membro da família, como alguém com o qual você está comprometido do modo que um pai e uma mãe estão comprometidos com seus próprios filhos.

Este é um ato de sacrifício, realizado em proveito da criança e com vistas a dar àquela criança o bem-estar de um lar. Seu objetivo não é gratificar os pais, mas assumir a criança, tornado-a parte da família. Para pessoas religiosas, isto significa dar à criança um pai e uma mãe.

Qualquer outra coisa seria uma injustiça com a criança e um abuso de sua inocência. Logo, não existe esta história de "direitos de adoção". Adoção é a suposição de um dever e os únicos direitos envolvidos são os direitos da criança.

Contra este argumento, o apelo a leis "anti-discriminação" é certamente irrelevante. O propósito da adoção não é gratificar os pais adotivos, mas ajudar à criança. E já que, segundo a visão religiosa, a única ajuda que pode ser oferecida é a disponibilização de uma família de verdade, excluir os casais gays não é um ato maior de discriminação do que excluir ligações incestuosas ou comunas de "swingers" promíscuos.

Na verdade, o pressuposto de que a adoção é inteiramente uma questão de "direitos" a partir da perspectiva dos pais mostra a inversão moral que aflige a sociedade moderna.

Ao invés de considerarem a família como o modo de atual geração se sacrificar pela próxima, estão nos pedindo que façamos vista grossa a tudo que sabemos sobre a fragilidade das parcerias homossexuais, sobre as necessidades psicológicas das crianças e sobre as regras que ainda prevalecem em nossas escolas e comunidades, em função de uma fantasia ideológica.

Opor-se à adoção homossexual não é acreditar que os homossexuais não devam ter nenhum contato com crianças. De Platão a Britten, os homossexuais se destacaram como professores (muitas vezes sublimando seus sentimentos eróticos, como fizeram estes dois grandes homens), cultivando as mentes e espíritos dos jovens.

Mas foi Platão quem, nas Leis, apontou que os homossexuais, como os hererossexuais, devem aprender a via do sacrifício e que não são desejos atuais que devem guiá-los, mas os interesses de longo prazo da comunidade.

E certamente não é implausível pensar que é mais provável que estes interesses de longo prazo sejam mais protegidos pela religião do que pelas ideologias políticas que regem o Partido Trabalhista.

Mídia Sem Máscara

2 comentários:

  1. Você disse várias coisas, meu caro xará, mas apenas reproduziu a visão cristã das coisas. Não acrescentou nada de novo. Você diz que a luta homossexual não passa de "ideologia" falsa. Mas, pra muita gente, o Cristianismo também é uma ideologia falsa. Religiões não diferem muito das paixões ideológicas. Se a visão ideológica pode cegar, a religião também o pode. E a História prova que isso sempre vem acontecendo.
    Mas o mais irônico é que você se acha fora dessa ideologia secular e se auto-proclama arauto da visão cristã, mas não sabe que seu discurso está carregado de ideologias do século XIX. Da medicina do século XIX, pra ser mais sincero. Essa sua visão da infância (como se as crianças fossem inocentes, puras, como se "tivessem necessidades psicológicas" de uma pai e uma mãe) foram todas produzidas pela medicina oitocentista. Antes dessa época as crianças sequer dormiam em quartos separados dos pais. Os pais faziam suas relações sexuais na frente dos filhos e não havia o menor constrangimento de ambas as partes. Esse tipo de família que você chama de "tradicional", na verdade é a família burguesa oitocentista. Ela foi criada há menos de 200 anos. Ela não tem uma origem profunda e antiga tal qual as religiões que tu citou. Foi a família burguesa que inventou a casa moderna, com vários cômodos, cada qual no seu quarto, com sua privacidade (outra invenção moderna). Essa ideia de família que defende, meu caro, é moderníssima. E é secular! Se quer saber, as igrejas cristãs lutaram contra ela! A verdadeira família tradicional era muito diferente. As crianças eram tratadas como pequenos animaizinhos e os pais não eram amorosos e atenciosos como hoje. Não existia ECA, meu caro. O pai podia fazer o que quisesse com os filhos e com a mulher. Essa é a família tradicional que você deveria defender. O cristianismo conviveu mais de 1800 anos com essa família e se adaptou à ela. Depois teve que se adaptar à família burguesa e, agora, terá que se adaptar às famílias homoafetivas. Essa ideia de criança que tem "necessidades psicológicas naturais", não passa de uma ideologia burguesa do século XIX e você, achando que está defendendo um princípio cristão, está defendendo apenas um novo modelo familiar secular e capitalista, pois o capitalismo obrigou que toda sociedade fosse rearranjada e a família foi junto.
    Engraçado que os religiosos estão sempre reclamando dessas mudanças quando elas ocorrem e sempre acham que será o fim do mundo. Foi assim quando surgiu a família burguesa. Foi assim com a emancipação feminina. Foi assim com o divórcio. E é agora com os direitos gays. Daqui há 300 anos a igreja terá absorvido essas mudanças e vai continuar pregando que luta pela "vida tradicional", como era antes, sem nem saber o que esse "antes" realmente foi.
    Se você gosta de História, meu caro xará, leia livros de Phelipe Ariés e Michel Foucault. Lá eles explicam sobre a criação da família moderna que você tanto defende.

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  2. COMENTÁRIO II - CONTINUAÇÃO:
    A própria noção de "homossexualidade" e "heterossexualidade" são invenções da mesma sociedade burguesa do século XIX que criou a família moderna. É uma noção recente.

    Mas tu está tão impregnado por essas ideologias que atribui à Platão um suposto conselho sobre homossexuais. Não existiam tais conceitos na Grécia Antiga! Existiam homens que gostavam de homens e outros de mulheres. E vice e versa. Ponto final. Isso não era um problema em si para eles.
    Quando você diz que uma união de dois homens não pode ser equiparada à de uma homem e uma mulher por que não se reproduz, o que você quer dizer? Que gays devem ser obrigados a procriar com mulheres? Ora, de uma maneira ou de outra, os gays de hoje não precisam mais fingir se interessar pelo sexo oposto. Então já que eles não vão se casar e procriar mesmo, que diferença faz essa união ser reconhecida pelo Estado ou não? Afinal de contas, a procriação, que é o conceito cristão de união, já não tem como ser contemplada de qualquer jeito. Então por que impedir que essas uniões sejam reconhecidas pelo Estado? Não se pode impedir que pessoas não cristãs sigam preceitos cristãos. Seria o mesmo que eu, budista, quisesse baixar uma lei impedindo você de comer carne vermelha, uma vez que esse é um preceito meu e não seu.
    Sinceramente não dá pra entender essa lógica.

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