domingo, 31 de outubro de 2010

Os derrotados da eleição



A guerra acabou. Dilma Rousseff é presidente do Brasil. Para chegar até aqui, teve que enfrentar uma das batalhas mais violentas da história da República. E venceu.

Derrotou não só seu adversário, José Serra, mas também um exército implacável, cruel e muito poderoso: os principais grupos de comunicação do país. Estes são os grandes derrotados nesse dia de glória para a democracia.

Os milhões de votos recebidos pela candidata petista são a prova gigantesca de que os brasileiros nunca mais se deixarão ser manipulados. Nem permitirão ser tratados como gente ignorante. O povo, definitivamente, não é bobo.

Durante meses, houve um bombardeio incessante de manchetes, chamadas, apelos, boatos e factoides. Um massacre impiedoso, orquestrado. Em fiapos de verdade, urdiram uma rede de mentiras e preconceitos.
Não bastou ser atacada durante o horário eleitoral gratuito. Isso faz parte do jogo. Infame foi ser fustigada diariamente pela propaganda política voluntária dos barões da mídia.

Dilma Rousseff e milhões de brasileiros enfrentaram o maior jornal do país, a Folha de S.Paulo. E a maior emissora de TV, a Globo. A revista de maior tiragem, a Veja. Nessa tropa de choque incansável também perfilam os jornais O Estado de S.Paulo e O Globo. Turma da pesada.

domingo, 17 de outubro de 2010

Cuidado com o profeta velho



A principal característica do profeta velho é o engano.

Em I Reis 13, encontramos um homem de Deus sendo enganado por aquele que deveria orientá-lo, falar a verdade e guiá-lo no caminho certo.

Temos visto nos últimos dias uma verdadeira demonstração de que o espírito do profeta velho continua atuando e tentando levar as pessoas ao engano.

Veja o que aconteceu com o pastor Silas Malafaia, que iniciou a campanha política apoiando a candidata Marina Silva e depois, usando o argumento frágil de que o partido dela, o PV, apoiava o aborto, mudou de lado e, para justificar que não apoiaria a candidata Dilma, acusou o PT de ser a favor do aborto e apoiar o casamento de homossexuais. Pronto, o caminho estava aberto para, sabe-se lá com que interesse, apoiar o candidato Serra.

Como não há nada escondido que não seja revelado, veio a declaração do próprio Serra, em vários meios de comunicação, de que é favorável ao casamento de homossexuais. E não para por aí não. Explodiu como uma bomba a denúncia de algumas ex-alunas da esposa do candidato, Monica Serra, que ficaram indignadas com a hipocrisia do casal de que, como cristãos, são radicalmente contra o aborto. Inclusive, a Sra. Monica chegou a dizer que se Dilma vencesse, ela iria matar as criancinhas.

Revoltadas, as alunas disseram que em uma aula, muito tempo atrás, a Sra. Monica declarou que havia feito aborto, com o consentimento de seu marido José Serra.

Agora ficam as perguntas: O que fez o pastor Malafaia mudar de lado? Ele vai continuar apoiando o Serra?

Diante desse cenário temos que lembrar o que aconteceu com o homem de Deus (I Reis 13) que seguia o seu caminho e foi levado à morte, enganado pelo profeta velho, porque não guardou a sua fé.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

E agora, Malafaia?

Nesse show de horror que se tornou nossa campanha eleitoral, descobri um oportunista no altar. O nome do cidadão é Silas Malafaia e comanda o horário eleitoral, ops, religioso das madrugadas da Band.
Nesta semana, com sua camisa emprestada do Britto Jr., o pastor conclamou seus fiéis a votarem em José Serra porque o candidato do PSDB seria contra a união dos homossexuais, ao contrário do PT.
Acompanhe um trecho editado da pregação, vale a pena:





Sob o manto da Band, na calada da noite, o homem aparece esbravejando ignorância e preconceito. Desculpe, mas se tivesse um pouco de juízo, ele deveria maneirar.
E se vivêssemos em um país com Justiça Eleitoral, alguém mandaria o tal cristão calar a boca. Ele faz propaganda com uma cara mais dura do que badalo de catedral.
Declarou voto em José Serra, esgrimindo os argumentos mais toscos e tenebrosos.
Jogou na fogueira Dilma e o PT, para das cinzas desses pecadores ungir o motivo celestial de sua opção partidária: repito, a candidata de Lula apoiaria os direitos dos homossexuais e o Serra, não.
Depois de abençoar a todos nós com o que bem entendeu, deixou claro em seu obscuro raciocínio que Serra é "o mais preparado" para dirigir este país. Amém.
E ontem, dia 14, o que é que vimos em todos os jornais? O candidato do PSDB reiterando seu apoio incondicional à união estável entre homossexuais.

sábado, 9 de outubro de 2010

Pesquisa eleitoral do Datafolha é convertida em inquérito religioso


O Datafolha registrou ontem no TSE uma pesquisa, encomendada pela Folha e pela TV Globo, para o segundo turno da eleição presidencial, que ocorre no dia 31. Os questionários serão aplicados nos dias 7 e 8. Serão ouvidas 19.400 pessoas. O Datafolha quer saber as coisas de praxe: em quem o sujeito vai votar, em quem votou no primeiro turno, se o apoio de Lula a um candidato — e, agora, de Marina — altera a opinião do eleitor, a avaliação do governo Lula…
Até aí, vá lá, embora haja o que dizer a respeito das questões acima — fica para o fim do texto. Vamos ao que é essencial: o Datafolha resolveu saber o peso que a questão do aborto teve no primeiro turno e terá no segundo. Huuummm… É uma curiosidade que nasce de uma tese. Também isso vai para o fim. Quero abordar o que considero uma exorbitância e, vênia máxima, talvez um servicinho prestado ao PT — involuntário, é claro.
questionario-datafolha-aborto
Clicando na imagem, vocês poderão ler o questionário. Uma coisa é tentar saber se a opinião de um candidato sobre o aborto pode ou não interferir na escolha do eleitor; outra, bem diferente, é transformar PESQUISA ELEITORAL NUM VERDADEIRO INQUÉRITO. É O QUE FAZ O DATAFOLHA. Querem ver?
P.17-18 – Pergunta a religião do entrevistado (evangélico pentecostal, não-pentecostal, umbanda, candomblé, espírita, católico etc…);
p.19 – A Igreja orientou a NÃO votar em algum candidato? (mostra o cartão com os nomes);
P.20 – A pessoa mudou?;
P.21 – Se mudou, em qual dos candidatos deixou de votar (mostrar cartão);
P.22 -  Diz qual é o estatuto do aborto legal e pergunta se a pessoa é favorável à lei, à ampliação dos casos de aborto legal, ao fim da criminalização do aborto etc.;
P22ª –  A entrevistado recebeu orientação para não votar naquele candidato da P.19 por causa do aborto?
Digamos, só digamos, que se constate que uma porcentagem relevante de eleitores recebeu, sim, a orientação de suas respectivas igrejas. E daí? A eventual confirmação dessa hipótese, com a indicação da confissão religiosa, exporá as igrejas e os religiosos — padres, pastores e outros — à pressão; no caso, é evidente que será à pressão oficial. Não sejamos hipócritas: embora, até agora, só a Igreja Universal do Reino de Deus tenha orientado seus fiéis a votar na candidata Dilma, é evidente que essa pesquisa tenta confirmar uma hipótese: foi a migração do voto evangélico que impediu a vitória de Dilma no primeiro turno.
O PT economiza um dinheirão. Poderia ele mesmo encomendar a algum instituto uma pesquisa como essa, não é mesmo? O Datafolha decidiu fazer de graça. É claro que isso pode ser, sim, matéria de interesse até sociológico — mas não durante o processo eleitoral. Nesse período, a divulgação desses dados pode servir de bússola de campanha a um único partido: o PT.
“E se a pesquisa constatar, Reinaldo, que isso não aconteceu?” Não muda o espírito da coisa. É evidente que se tenta buscar um “fenômeno” que explique a murchada da candidatura de Dilma Rousseff nos cinco ou seis dias finais do primeiro turno, num ritmo que não é lá muito usual, a menos que tenha acontecido, então, o tal evento excepcional ou que os institutos, os honestos, tenham andado errados durante um bom tempo.
E só para encerrar: Datafolha, Ibope e os demais precisam avaliar o governo Lula e a popularidade do presidente semana a semana, o que é repetido pelas TVs à exaustão? Isso já começa a ficar ridículo. Que variação se espera entre uma sexta-feira e outra?

Dilma deixa implícito que pode legalizar o aborto



Em seu discurso na "pajelança" realizada ontem no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, com a presença imponente de Marco Feliciano, Dilma Rousseff tentou mais uma vez desmentir que seja favorável ao aborto. Com o raciocínio enviesado de sempre, quis dizer uma coisa, mas acabou afirmando outra. Permite até a construção de um perfeito silogismo. Veja:

Premissa 1:

"Eu como pessoa sou contra o aborto. Porque o aborto é uma violência contra a mulher".

Premissa 2:

"Agora, eu como presidente da República, não fecharei meus olhos para as milhares ou milhões de mulheres e adolescentes brasileiras que cometem atos extremos que colocam a vida em risco".

Logo:

Está implícito que Dilma pode legalizar o aborto, caso venha a ser eleita.

Ou entendi errado?