domingo, 29 de maio de 2011

Apedrejando os outros. Algumas observações sobre o PLC 122

William Douglas

Incômodo ou não, os cristãos falam sobre pecado, um dos temas abordados por Jesus. Quando lhe apresentaram uma pecadora que, por conta de suas ações, contrárias à lei mosaica, deveria ser apedrejada, o Messias também falou sobre violência. Grande revolucionário, Cristo impediu o apedrejamento sugerindo que aquele que não tivesse pecado lançasse a primeira pedra. Contudo, em desfecho esquecido pelos mais liberais, após proteger aquela mulher, e com amor, disse: “Vai, e não peques mais”. Eis Jesus: sem pedras, sem acomodações; com amor, mas sem pecado.

Socialmente, existe violência contra os homossexuais, é fato. E um bom cristão não assiste a um apedrejamento, seja de um pecador ou não, sem fazer o que pode para impedi-lo. Por força de suas crenças, os cristãos devem se mobilizar contra a homofobia e a violência. Afinal, evitar pedras é dever cristão.

Anote-se que existem três tipos de apedrejamento: o físico, o verbal e o moral. Explico. Homicídios e lesões corporais são exemplos do primeiro; a fala agressiva, do segundo; e a imposição de ideias à força, do terceiro. No caso da fala e do discurso, temos de ter cuidado, pois o direito de expressar opinião é uma conquista da democracia e compõe o quadro dos direitos humanos. Assim, lamenta-se a fala inflamada, mas ainda assim ela há de ser admitida, posto que sua limitação é censura, tirania, mordaça. Preferia não ver pedras verbais na boca de um cristão, mas às vezes é difícil distinguir onde começa e termina a opinião e onde começa o, sempre lamentável, uso de pedras, mesmo verbais.

É preciso haver liberdade para expressar a opinião. Isso inclui o direito de um religioso dizer que a homossexualidade é pecado, e o direito de um homossexual dizer que o religioso é retrógado. Cada um com sua fé, e todos respeitando, democraticamente, o diferente. Esta é a ideia.

A índole cristã é pacífica, tanto que a violência contra homossexuais não vem partindo de grupos religiosos. É bom dizer isso para não confundir as eventuais pedras verbais de alguns religiosos com as agressões físicas dos skinheads e neonazistas, por exemplo. Claro que ainda prefiro os religiosos com discurso mais amoroso, mas não confundamos os tipos de pedras, e não sou eu quem vai dizer o que o outro pode ou não falar.

Ao lado disso, não nos esqueçamos que pedras, de todos os tipos, estão sendo arremessadas de ambos os lados. O PLC 122, na forma como foi aprovado pela Câmara dos Deputados, tem um conteúdo de apedrejamento moral, ao querer impedir que os religiosos digam que segundo seu ponto de vista a homossexualidade é pecado. Isso pode incomodar a alguns, mas é um direito constitucional. Em suma, no justo interesse de combater a homofobia, parte do movimento gay também tem suas pedras verbais e morais. E lamento por alguns artigos de lei de interesse de todos não serem editados com a urgência necessária a fim de combater a violência não só contra os homossexuais, mas também contra negros, índios e pessoas pobres. Isso tem que ser combatido, e logo.

Como cristão e cidadão, quero combater a homofobia, como também quero que seja respeitado o direito de expressão de quem, por motivo religioso ou filosófico, tem opinião contrária à homossexualidade. Querer que um religioso, cristão, judeu, muçulmano, seja processado por suas crenças, é impedir a manifestação do pensamento e da religião. É querer usar a lei como pedra para acertar os religiosos. Erra quem usa a lei para impedir os direitos dos homossexuais e erra quem quer calar os religiosos usando a lei como veículo da mordaça.

O que mais me incomoda é que esse cabo de força da expressão da opinião impeça a edição de lei que criminaliza as pedras físicas. O resultado é que, sendo interesse de ambos os lados, projetos necessários, contrários à violência, estão demorando mais do que o necessário. Nesse passo, vale dizer: a maioria esmagadora dos cristãos é contra a violência, contra a homofobia, e se alguns segmentos se opõem ao PLC 122 é porque ele erra na mão e inverte a discriminação ao invés de eliminá-la. Nesse cenário lamentável, o Senador Marcelo Crivella sugeriu à bancada evangélica um novo Projeto de Lei em substituição ao PLC 122. Este substitutivo tem o mérito de atacar a violência sem desrespeitar a Constituição, bem como de mostrar que os cristãos são contra qualquer violência, inclusive a violência contra a manifestação do pensamento. Em suma, finalmente há um projeto moderado, com inteligência e sabedoria para atacar o problema social da violência resolvendo os grandes defeitos do PLC em sua forma original. A proposta feita por Crivella, com o apoio de expressiva parcela dos evangélicos, contrários a qualquer tipo de violência, pode até ser apedrejado pelos radicais dos dois lados, mas, certamente, é o primeiro projeto que segue o caminho do meio, compondo os interesses dos dois lados sem ferir a Constituição.

Um bom cristão é contra a violência. Alerta sobre o pecado, mas não compactua com apedrejamentos físicos ou morais, e evita os verbais. Considerando que o movimento gay também prega o amor, espera-se que respeite o direito à discordância. Assim, os dois grupos podem se unir para editar uma lei capaz de combater as piores pedras, e que ajam de forma mais serena e respeitosa entre si, como só uma boa democracia, cristianismo ou arco-íris, pode permitir.



* William Douglas é juiz federal/RJ, professor e escritor. É Mestre em Direito e Especialista em Políticas Públicas e Governo.

O autor enviou a colaboração para a publicação no Genizah

sábado, 28 de maio de 2011

[Kit Gay] A Vergonhosa Vitória da Bancada Evangélica

Marcelo Lemos

Tem cristão comemorando a falência, por enquanto, do famigerado Kit Gay - inclusive eu. Que bom que o projeto caiu, e já foi tarde. Uma nação temente a Deus jamais deveria cogitar tal projeto – se bem que “temente a Deus” não é uma descrição apropriada ao Brasil. E aí é que começa o problema: o Kit não caiu por se provar que o mesmo não cabe em nossa sociedade, mas sim porque a Bancada Evangélica vendeu-se a já famosa corrupção Brasileira. O método utilizado pelos políticos de GEZUIS foi o centenário “jeitinho brasileiro”.

Os políticos de GEZUIS "venceram" (duplo sic!) por meio da chantagem política: ameaçaram a presidente Dilma com a aprovação da convocação do Ministro Palocci, que tem se recusado a explicar como multiplicou tanto seus bens em tão pouco tempo. Recentemente alguém soltou no Twitter: "Se um homem público não quer prestar contas ao público, prestará contas a quem?". Dilma aceitou a chantagem, evidentemente sabe que se Palocci tiver que prestar contas a casa pode cair – afinal, ninguém melhor que ela para nos contar das corrupções que rolam na Casa Civil: que sua melhor amiga não me deixe mentir.  

Mas, não é bom que o Kit tenha fracasso? Sim, é bom, mas os fins jamais devem justificar os meios. Ao menos não é assim que funciona no Reino de Deus. Reino de Deus? Desde quando a Bancada Evangélica tem compromisso com o Reino de Deus? Que ilusão! O único Reino que conhecem é o do Umbigo!

Que vergonha senhores políticos de GEZUIS! Quer dizer que vão fechar os olhos para a corrupção apenas para aprovar um projeto pessoal? Quer dizer que estão mais preocupados com o tal Kit que com o dinheiro supostamente roubado dos pobres e das viúvas? Meu queridos, acho que o Jesus de vocês não é o mesmo que eu sirvo. Ah, é! Já ia me esquecendo: o de vocês é "GEZUIS". Ufa!

Que vergonha Presidente Dilma! Quer dizer que não tem condições de sustentar a honestidade do seu governo? Não percebe a senhora que acabou de admitir que seu governo é corrupto, e que a senhora pretende fazer qualquer coisa para esconder a sujeita? E como está disposta a isso! - abriu mão de algo que era prioritário ao governo petista! Nossa, será que há tanta sujeira assim para esconder?

Querido leitor, eu sou ferrenho defensor da Lei de Deus. Defendo tanto que me identificam como Teonomista. Defendo tanto que até os evangélicos acham que sou exagerado. No entanto, entre o Kit gay e a corrupção, que se libere o Kit e metam os corruptos atrás das grades. Mas, para defender a corrupção, Cruzados de GEZUIS e Cruzados da Dilma possuem mais em comum do que imaginavam. É como se diz no ecumenismo: “o que nos une é maior do que aquilo que nos separa!”. Isso é uma vergonha! A Pizza vai ser degustada na casa de quem?

Vejam, como eu gosto da derrocada do Kit Gay, seria hipócrita se negasse. Mas não aprovo os meios. Queremos um Brasil fiel ao Senhor? Que vençamos a guerra por meio da pregação do Evangelho, e não nos aliando ou colocando panos sobre a corrupção. Isso é outro Evangelho, é uma abominação. Se eu já tinha nojo desse grupinho que se pretende defensor da moral “judaico-cristã”, os meios que utilizaram para chegar a vitória só me faz ter mais asco de tudo isso.

Mas, tenho um conselho para Dilma: coloque os “arapongas” do PT de olho nessa gente, rapidinho a senhora vai fazer a maioria deles comer na sua mão. Duvidam? Pois eu pago para ver! Quer mais uma dica? Peça que alguns investiguem como se dá as movimentações financeiras dos grandes conglomerados “evangélicos” – haverá muitos tesouros para a senhora, e, creia-me, seu querido Kit Gay estará a salvo mais uma vez!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A vida de extravagâncias da Irmã Dulce



Por Rogério Bitencourt


Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Este era o nome de batismo da Irmã Dulce.


Transformou sua casa em centro de atendimento a necessitados. 


Foi ordenada freira e recebeu o nome de Dulce em homenagem a sua mãe.


Mesmo tendo como missão primeira o exercício de ensinar como professora em Salvador - BA, irmã Dulce trilhou o caminho do amor e da solidariedade dando assistência às comunidades carentes, preconizando assim suas atividades principais em suas obras sociais.

Em 1936, ela fundou a União Operária São Francisco.

Chegou a invadir cinco casas na Ilha dos Ratos para abrigar pessoas doentes, recolhidas nas ruas.

Naturalmente, como era de se esperar, irmã Dulce foi expulsa com seus flagelados e deu início a uma peregrinação de 10 anos, ocupando temporariamente diversos lugares até que com muito trabalho e perseverança, conseguiu transformar um galinheiro do Convento de Santo Antônio em albergue, que mais tarde passou a ser o Hospital de Santo Antônio, um centro de atendimento social e educacional que continua atendendo carentes até hoje.

Irmã Dulce morreu em 1992, mas sua obra e seu trabalho continuam ecoando até os dias de hoje, ajudando os mais necessitados do Brasil.

Agora, Irmã Dulce será beatificada. Será tratada como santa.

Santa ela já era estando viva!

Ela cumpriu o ide de Jesus e certamente receberá seu galardão.

Irmã Dulce é inspiração para mim e retumba em nossos ouvidos com sua obra e exemplo exatamente o que deveríamos ser.

Ela não se preocupava com visibilidade. Não se importava com banalidades advindas das vaidades humanas e com “pouca” força fez mais do que milhões de nós ousamos fazer até o dia de hoje.

Irmã Dulce é um grande exemplo de ser humano. 

Que cada um de nós evangélicos, pense bem antes de abrir a boca pra tecer qualquer comentário pejorativo acerta da madre que foi santa aos olhos de Deus.

O Vaticano, que dará o título de santa para querida e saudosa Dulce, o fará de forma humana e pertinente aos seus dogmas, porém, segundo a palavra de Deus que diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos e em conformidade com a vida exemplar dela, acredito que santa ela já era há muito tempo aos olhos do Pai.

Parabéns aos irmãos católicos que foram presenteados com um ser humano tão especial como Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, que resumidamente pode ser chamada de irmã Dulce, uma santa mulher, um anjo bom.

Que Deus continue levantando gente assim, independente do credo ou filosofia, pois Ele está à procura de verdadeiros adoradores.

Sejamos santos também e façamos o bem a quem precisa.

"Eu sou o Senhor vosso Deus; portanto vós vos consagrareis, e sereis santos, porque eu sou santo" (Levítico 11:44).

Pense nisso – seja feliz.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Porque o PL 122/2006 é inconstitucional

Pr. Silas Malafaia e a PL 122

Antes de fazer qualquer comentário, é importante frisar que uma coisa é criticar conduta, outra é discriminar pessoas. No Brasil, pode-se criticar o Presidente da República, o Judiciário, o Legislativo, os católicos, os evangélicos, mas, se criticamos a prática homossexual, logo somos rotulados de homofóbicos. Na verdade, o PL-122 é contra o artigo 5º da Constituição, porque o projeto de lei quer criminalizar a opinião, bem como a liberdade religiosa.

Vejamos alguns artigos deste PL:



Artigo 1º: Serão punidos na forma desta lei os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual, identidade de gêneros.

Comentário: Eles tentam se escorar na questão de raça e religião para se beneficiar. O perigo do artigo 1º é a livre orientação sexual. Esta é a primeira porta para a pedofilia. É bom ressaltar que o homossexualismo é comportamental, ninguém nasce homossexual; este é um comportamento como tantos outros do ser humano.


Artigo 4º: Praticar o empregador, ou seu preposto, atos de dispensa direta ou indireta. Pena: reclusão de 2 a 5 anos.

Comentário: Não serão os pais que vão determinar a educação dos filhos — porque se os pais descobrirem que a babá dos seus filhos é homossexual, e eles não quiserem que seus filhos sejam orientados por um homossexual, poderão ir para a cadeia.


Artigo 8º-A: Impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público, em virtude das características previstas no artigo 1º desta lei. Pena: reclusão de dois a cinco anos.

Comentário: Isto significa dizer que se um pastor, ou padre, ou diretor de escola — que por questões de princípios — não queira que no pátio da igreja, ou escola haja manifestações de afetividade, irão para a cadeia.


Artigo 8º-B: Proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do cidadão homossexual, bissexual ou transgênero, sendo estas expressões e manifestações permitidas aos demais cidadãos ou cidadãs. Pena: reclusão de dois a cinco anos.

Comentário: O princípio do comentário é o mesmo que o do anterior, com um agravante: a preferência agora é dos homossexuais; nós, míseros heterossexuais, podemos também ter direito à livre expressão, depois que é garantida aos homossexuais. O parágrafo do artigo que vamos comentar a seguir "constituiu efeito de condenação".


Artigo 16º, parágrafo 5ª: O disposto neste artigo envolve a prática de qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica.

Comentário: Aqui está o ápice do absurdo: o que é ação constrangedora, intimidatória, de ordem moral, ética, filosófica e psicológica? Com este parágrafo a Bíblia vira um livro homofóbico, pois qualquer homossexual poderá reivindicar que se sente constrangido, intimidado pelos capítulos da Bíblia que condenam a prática homossexual. É a ditadura da minoria querendo colocar a mordaça na maioria. O Brasil é formado por 90% de cristãos. Não queremos impedir ou cercear ninguém que tenha a prática homossexual, mas não pode haver lei que impeça a liberdade de expressão e religiosa que são garantidas no Artigo 5º da Constituição brasileira. Para qualquer violência que se cometa contra o homossexual está prevista, em lei, reparação a ele; bem como assim está para os heterossexuais. A PL-122 não tem nada a ver com a defesa do homossexual, mas, sim, quer criminalizar os contrários à prática homossexual — e fazem isso escorados na questão do racismo e da religião.




Fonte: Associação Vitória em Cristo - Via Blog da UBE