sábado, 13 de abril de 2013

Caim e Abel

A história de Caim e Abel está narrada em Gênesis 4. Nela, vemos que esses dois irmãos ofereceram sacrifícios a Deus que só aceitou a oferta de Abel, pois Caim guardava em sua vida coisas que desagradavam ao Senhor. O texto fala que, movido pelo rancor e pela inveja, Caim convidou seu irmão para ir ao campo e lá, traiçoeiramente, o golpeou e matou. Deus, então, repreendeu o irmão assassino e o condenou a viver como um fugitivo, protegendo-o, contudo, de ser também assassinado.

Há três lições importantes que podemos tirar da história de Caim e Abel. A primeira delas se refere ao requisito básico para que o culto de alguém seja aceito por Deus. Segundo o relato bíblico, Caim também seria aceito caso abandonasse seu pecado (Gn 4.7), o que mostra que a pureza do coração do adorador está acima da grandeza ou pompa dos seus rituais religiosos. Temos de lembrar disso quando vamos à igreja ou realizamos qualquer outro serviço a Deus.

Outra lição diz respeito às formas usadas pelos maus para destruir os servos do Senhor. Caim aproximou-se amigavelmente de Abel e lhe fez um convite agradável. "Vamos ao campo", disse ele (Gn 4.8) . Uma vez no campo, Caim usou de violência e matou o próprio irmão. A aproximação amigável e a violência aberta, além de meios de ataque usados por Caim, estabeleceram precedentes que perduram ao longo dos séculos. Até hoje, cristãos fiéis têm suas vidas destruídas porque ingenuamente atendem aos convites amigáveis e aparentemente inofensivos de pessoas que vivem no pecado. Outros sofrem debaixo da segunda estratégia, a violência aberta, e são perseguidos e odiados pelos simples fato de agradar a Deus no seu dia-a-dia. Temos de ter cuidado. Quem vive no pecado, geralmente usa um desses meios para derrubar os que vivem para Deus.

A última lição refere-se à divisão da humanidade em pessoas que pertencem a duas pátrias distintas. Observe que Caim fundou a primeira cidade de que se tem notícia (Gn 4.17) . Com isso, tornou-se o símbolo daqueles que pertencem a este mundo e têm aqui seu coração e tesouros. Por outro lado, há um sentido em que também Abel fundou uma cidade. Isso porque ele foi o primeiro personagem bíblico que partiu para o reino celestial. Foi a primeira alma humana a ir para o céu, a morada dos salvos, precedendo todos aqueles que, pela fé em Jesus, têm a cidadania celestial. O Apóstolo Paulo, ao escrever aos cristãos, disse que eles tinham essa cidadania: "A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Fp 3.20) . E o autor da carta aos Hebreus diz que os grandes homens de fé "esperavam uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por essa razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, e lhes preparou uma cidade" (Hb 11.16) .

Assim, Caim e Abel inauguraram cidades distintas: uma, a terrena, fundada sobre o orgulho e o medo, destinada à destruição; outra, a celeste, fundada na fé e no temor de Deus, uma cidade inabalável e permanente. A humanidade inteira está dividida entre uma e outra. Cada um de nós é cidadão de uma delas. Você sabe a qual pertence?

Como se vê, a história desses dois irmãos nos fala ainda hoje. Por ela somos desafiados a adorar a Deus com pureza e fé; a termos cautela com os que vivem no pecado; e a buscarmos a cidadania celeste pela fé no Salvador, a fim de chegarmos naquela pátria há tanto tempo inaugurada e a encontrarmos com os portões abertos.

Pr. Marcos Granconato